domingo, 9 de maio de 2010

Apagando promessas

E tudo aquilo que foi dito, combinado e acordado ficou parado no tempo, supenso no ar por um momento. Aquela quentura por dentro, que achei que tinha sido apagada, ressurgiu como fênix quando toquei seu corpo. Deu um choque, um abalo sísmico interno, quando vi sua tatuagem criar vida enquanto minhas mãos passavam por suas costas.

Ao te aconchegar nos braços como a um menino, senti por um segundo que tem coisas que não mudam – e que nem precisam mudar de verdade. Tive um relance daquela certeza que amedronta: sim, eu poderia passar o tempo que fosse desse jeito, só por ter você assim, perto. Mesmo que você não queira, mesmo que nem eu queira, embora eu não entenda como você pode não querer isso também.

Cheguei em casa com seu cheiro de cigarro, que passou pela minha roupa e impregnou na alma. Eu, que nunca suportei seu tabaco, agora fiquei viciada no aroma da sua pele e sinto arrepios em lugares que nem sabia que existiam. E senti uma coisa tão infinita que quase não coube em mim, e eu quase chorei. Tem hora que a gente sente tanto que nem cabe. Mas eu fui forte como poucas vezes na vida, e soquei isso tudo até caber de volta no peito e ficar tudo bem.

Agora, me diz: preciso voltar à promessa que fizemos pro nosso (?) bem? Preciso deixar de sentir essa imensidão de possibilidades quando você me olha desse jeito que me desmancha por dentro? Preciso mesmo acreditar que não vai dar certo, quando todo o mundo sabe que mais certo que nós não pode haver?

Um comentário:

  1. Lembrei de duas coisas.
    Coisa nº 1 - A insustentável leveza do ser, Tomaz S2
    Coisa nº2 - Um poema do Drummond chamado mineração do outro.
    "um toque e eis que a blandícia erra em tormento
    e cada abraço tece além do braço
    a teia de problemas que o existir na pele do existente vai gravando"...

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