sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Banana pancakes [ou: "Quando a gente esquece de acordar"]

[Texto preguiçosamente acompanhado por esta música, por favor]

É fim de semana, o celular desperta, mas insisto em não concordar com o horário, desligo o alarme. O que até então havia sido uma noite sem sonho, começa a ter forma, cor e cheiro diante dos meus olhos.

Vejo você estirado num sofá, meio acordado, meio dormindo, olhando pela janela a chuva cair, preguiçosa. Enquanto isso, olho em volta e não sei onde estou. Mas se você está perto, então estou bem, é o que sempre penso em situações assim.

Lá fora, indícios de que a chuva continuará nos próximos dias. Aqui dentro, vestígios que insinuam que a tempestade está só começando. Indo para a cozinha, você faz coro com o Jack Johnson bem naquela canção, sugerindo que o fim de semana continue assim, sem dar conta do mundo lá fora.

Obedecemos, e entre panquecas e cafunés vamos descobrindo um no outro um novo mundo, muito mais interessante. Sem ninguém para dizer o que fazer, intercalamos nossas descobertas com outras experiências, algumas dignas de prêmios por inovação gastronômica.

Percebemos lentamente gostos, jeitos e sensações diferentes. Junto com isso, segredos, manias e uma intimidade que dão a impressão de que nos conhecemos desde sempre, mesmo não sendo verdade.

Cumplicidade, afinidade ou qualquer outro nome que queiram: nada seria suficiente para explicar o que se passa quando as respirações e batimentos cardíacos são os mesmos em corpos diferentes.

Mas está ficando claro, de repente. Abro os olhos e vejo que não é você ao meu lado, é só o travesseiro. Continuo no mesmo lugar, mas a realidade me sacode e me faz correr, hoje é um dia qualquer da semana e estou atrasada.

domingo, 14 de novembro de 2010

For no one

O John Mayer me pôs em dúvida quando diz que posso ter esbarrado contigo na calçada. Fiquei pensando se eu já posso ter passado por você e não ter te reconhecido e não te ver nunca mais.

Agora, o Gabito diz e – quase me convenceu de – que você está por aí, à minha procura.

Se é assim, vou me apresentar por aqui para você, futuro amor da minha vida, aí onde quer que esteja. Vai que, de tanto procurar, você cai por estas bandas, não é?

Sou em uma palavra: intensidade. Mais por dentro que por fora. Em pensamentos, sentimentos e confusões. Sinto mais do que aguento e mais do que deveria, geralmente. Gosto demais, não gosto nada. Vontades demais, preguiça demais. Me entrego demais, fujo demais. Contradição demais? Pois é, também.

Sabe, pessoa que está por vir, me disseram que eu assusto os meninos. Cá entre nós, eu também morro de medo. Não dos meninos, mas de me machucar de novo. Por isso, muitas vezes, acabo ferindo os outros também e afasto quem eu mais quero que esteja perto.

Outra coisa: eu gosto da verdade e prefiro mil vezes uma conversa sincera a olhares vagos que não atam nem desatam. Conversando é que se entende, não é o que dizem? Pois eu concordo. Gosto tanto de estar perto quanto de ter alguém por perto.

Claro que a minha bagunça interior não acaba aí. Mesmo assim, se depois disso tudo você ainda quiser ficar e revirar todos os baús, será bem-vindo.